23 de julho de 2009

Um pesadelo com Michael Jackson

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Sonhar com Michael Jackson na sexta-feira seguinte a sua morte não parecia um bom sinal. Com o corpo todo doído, acordei do pesadelo no momento em que Madonna catava "Material Girl" no velório do Rei do Pop, a poucos metros do corpo que, no sonho, estava sem o nariz. Uma cena pouco agradável.

Definitivamente, não era um bom sinal!

O sonho conturbado se deu no dia do reteste prático para a carteira de moto. Um mês antes, sonhei que namorava a atriz Ana Paula Arósio e que havia dormido com ela - se bem que "dormir" é o verbo menos adequado para descrever o que se passou em minha mente. Naquela ocasião, acordei otimista com a vida. Embora os bons fluídos e a manhã de céu de brigadeiro, ainda assim reprovei no teste. Após a conturbada noite, em que participara do velório de Michael Jackson, uma segunda reprovação era presumível.

Fazia frio naquela úmida manhã com cara de Finados. O céu acinzentado e antipático era capaz de intimidar a autoestima e afugentar o pouco de confiança que teimava em me acompanhar. Diante do mesmo circuito - oito, prancha, rampa, cones, etc -, a confiança mudou de ideia e evaporou como água de chaleira. Ao contrário da primeira vez, estava demasiadamente ansioso, a ponto de pensar que um fraldão teria sido uma boa ideia. Felizmente - e talvez por pouco -, o acessório geriátrico não fez falta.

Se o universo pode mesmo conspirar a favor ou contra alguém, ele deve ter apostado alto contra mim naquele dia. O capacete era pequeno e mal cabia em minha a cabeça tamanho GG, a dor de barriga era grande e a ansiedade, quase insuportável. Como um músico sem confiança, na iminência de desafinar, parti em busca da volta perfeita. Passei o oito, dei aula na prancha e segui o percurso...

Ao deixar o circuito, por um portão de metal, o primeiro a surgir no campo de visão foi o instrutor da autoescola. "E aí, passou?" Quem dera! Havia deixado a moto de nada possantes 125 cilindradas afogar na rampa. O instrutor custava a acreditar no relato.

- Você nunca deixou a moto afogar nas aulas! Assim vai parecer que não te ensinei direito - exclamou.

- Não podia deixar isso acontecer depois de tirar a carta? - questionou, durante o "sermão". A bronca era devida. Às vezes é preciso um chacoalhão para despertar, um choque de 220 volts para recarregar o ânimo. Mantive os dedos longe da tomada, de qualquer forma, a segunda reprovação foi como um choque.

Um choque que fez aflorar algumas lembranças, no caminho de volta para casa. Recordei de quantas coisas boas o excesso de ansiedade me privou, num passado não tão distante. Durante a faculdade, disputava as ditas "olimpíadas" internas representando o curso de Jornalismo no tênis de mesa. Sempre chegava à final, sempre perdia. Na decisão, no grande momento, encontrava-me dando raquetadas contra o adversário e contra minha própria ansiedade. O mesmo acontecia nos relacionamentos: a ansiedade explodia minhas chances com as garotas mais interessantes, logo, era relegado a ficar com quem menos me identificava.

Bastou deixar a Ciretran, cabisbaixo, para o nível de ansiedade despencar. Embarquei em meu Fusca 1975 e fui afogar as mágoas com um pingado - mais forte de café do que leite - na panificadora de sempre, com as atendentes de costume: as simpáticas Simone e Rose. Ambas têm carteira de moto, ambas tiveram bons conselhos para dar ao indignado reprovado, num momento de necessário consolo.

- Da próxima vez, tome maracugina dias antes do teste. Deu certo comigo - sugeriu Rose. A dica de Simone veio em seguida e foi, digamos, mais ousada.

- Acha uma namorada e no dia do reteste dá umas duas logo cedo, antes de sair de casa - disse. Algo a ponderar.

No jornal também fui consolado, inclusive por uma colega repórter que reprovou três vezes e que hoje, com alguma persistência e vários retestes depois, dirige sua motoneta com proeza. Dias depois, estava no jornal quando recebi uma ligação da autoescola, que havia agendado a terceira tentativa para agosto. Com tanto apoio e boas dicas, algo me diz que a aprovação é questão de tempo.

Para fuzilar a ansiedade, vou correr mais no parque e procurar, na farmácia, a dita maracugina. Para aproveitar a dica mais levada (e gostosa, por que não), apoio feminino é indispensável - e sempre bem-vindo. Para que tudo dê certo, só não posso ter outro pesadelo na véspera, como aquele com Michael Jackson. Negro ou branco, que Deus o tenha.
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13 comentários:

  1. Ciretran é uma coisa que não me traz boas lembranças..
    No meu primeiro teste de moto, quase esqueci de colocar o capacete, tanta era minha ansiedade.
    Eu reprovei 3 vezes... hehehehehehheh
    Que nada, na próxima vc segue todos os conselhos que recebeu! Vai dar certo..
    heheheheheh

    Abraços, sucesso!

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  2. Ansiedade é um sentimento que realmente atrapalha em alguns momentos.
    No próximo teste, deixe que a moto fique anciosa por você, e siga corretamente as instruções de suas colegas, mas, não me conte se estas táticas pré-testes deram certo, conte-me apenas o resultado! rsrsrs

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  3. oi demorei mas voltei a comentar muito bom o post e fica sucegado nao desanima e tenta denovo antes ora pedindo um sonho bom e ajuda de DEUS vai dar certo

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  4. Old Brother,

    Há dois anos e meio passei por situação parecida ao tentar tirar minha carteira de moto. Fiz tudo certinho, só não parei numa faixa que o avaliador disse que eu deveria ter parado no final do percurso. Depois do 8, do zigue-zague entre os cones, da taboa estreita e com limo ensaboado em cima, da curva em 360° e da rampa... erramos ele e eu, ele por não me avisar e eu por não perguntar tudo em detalhes, já que seria o primeiro do dia a fazer o percurso. 21 dias depois estava eu novamente tentando a carteira A, cinco anos após ter conseguido a habilitação B... mais nervoso do que a primeira vez, com a mesma moto Titan 150, com o frio de final de inverno e dezenas de roupas que me mantinham aquecido, mas não impediam que eu continuasse a tremer de nervoso. Graças a Deus logrei exito! Hoje ainda lembro da cara de felicidade do Gordinho que me avaliou como se um dia eu tivesse mexido com a filha dele, coisa que nunca aconteceu... me olhava com os olhos de dever cumprido, com olhos de vingança... na segunda vez ele estava disposto a me reprovar outra vez, mas não teve como... acabei o percurso, estacionei a moto e sorri como se fosse o Valentino Rossi vencendo mais um GP de moto velocidade! Saindo de lá minha confiança era tanta que poderia participar de um globo da morte...
    Um abraço LF e que Deus te abençõe cada dia mais... sucesso no curso em Sampa e na proxima vez com a moto!
    Saudades

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  5. Sonhar com o Michael foi fogo hein hehehhehe
    Agora quanto as reprovações, nem tem o que falar neh, todos ja te aconselharam demais, mas estarei torcendo pra que em Agosto Maringá ganhe mais um motoqueiro rsrs

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  6. Oi!
    ontem fiquei sabendo de uma novidade a seu respeito...

    O Edu me ligou a noite só pra contar :D

    vc deve saber do que se trata, estou muito feliz por vc!

    Abraço

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  7. Galera! Que bom foi receber o apoio moral de cada um de vocês. Saibam que isso só me deu confiança para encarar o teste pela terceira vez para, para, para...

    ... ser APROVADO! Putz, finalmente, porque não aguentava mais encarar o japonês que chupa limão no café da manhã. Escreverei uma crônica a respeito.

    ET.: Luana, o fato de você ter ficado feliz pela novidade me deixou muito contente!

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  8. Grande, LF Cardoso!

    Tudo bem, rapaz? Por aqui trabalhando muito, pra variar.

    Tenho visto algumas crônicas suas. Você leva jeito para a coisa, parabéns!

    Quando é que você vem aqui para as bandas de Goiás? Boa sorte.

    João.
    Aparecida de Goiânia
    (via orkut)

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  9. Nota: 7,5

    Thiago Ramari (por email)

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  10. Nota: 8,5

    Elaine Utsunomiya (por email)

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  11. Nota: 8,5

    Elaine Utsunomiya (por email)

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