10 de agosto de 2012

Viajar é preciso

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Em plena sexta-feira, cansado de uma longa semana de jornada dupla de trabalho, o jornalista se depara com uma interessante mensagem, publicada no perfil de uma amiga, no Facebook. Dizia a mensagem: "Quer ser feliz. Não compre mais coisas... vá viajar". Foi inevitável, a ele, recordar das últimas férias e também do que lhe disse um conhecido, quando soube do destino escolhido para seu mês de descanso.


— África do Sul?
— Sim.
— E vai fazer o que lá?
— Estudar inglês, num intercâmbio na Cidade do Cabo  —  respondeu o jornalista, para ouvir do conhecido uma gozação a la Fernando Collor de Melo, o "caçador de marajás".
— Hummmmm, tá virando marajá então!
— Marajá nada. Nem som no meu carro 1.0 eu tenho.

Além de ser um destino paradisíaco, a Cidade do Cabo – em inglês, Cape Town – tem custo de vida menor do que outros destinos mais conhecidos para intercâmbio de inglês, como Londres e Nova York, por exemplo. E as passagens de avião para a África do Sul saem mais em conta do que para a os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e outros destinos onde é possível estudar a língua de Shakespeare.

O jornalista tentou explicar ao fanfarrão que estudar inglês no exterior não é mais uma opção reservada à burguesia. Economizando um pouco por mês, até repórter pode. Ambos riram, pois o conhecido também é jornalista e sabe que, na profissão, ganhar um bom salário é para William Bonner e alguns poucos. E a conversa prosseguiu.

— E você, para aonde vai nas férias.
— Não vou viajar. Comprei um videogame e um televisor de tela plana e vou aproveitar.
— Mas nem uma viagem curta, de uma semana?
— Não. Tenho de economizar para pagar as contas  —  respondeu o conhecido, referindo-se às prestações dos aparelhos eletrônicos recém-adquiridos. E do último gole de café, que regava a conversa, ambos retornaram para seus afazeres na redação.

Passados alguns dias, horas antes do embarque para o outro lado do Atlântico, para um mês longe dos problemas, o jornalista conferiu as malas e os documentos. Na mania de sempre, tirou tudo da tomada. Um dia de tempestade poderia queimar seu televisor 21 polegadas, do tipo tela-tubo-de-imagem-nada-plana, e seu aparelho paraguaio de DVD. Seria uma lástima ter de gastar com uma TV nova o dinheiro que ele já guardava para as férias seguintes, quiçá, no Canadá.

Publicado também por Infomacaiba.
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