28 de novembro de 2013

Curiosidades

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Redes sociais envolvem seus usuários em uma relação de amor e ódio. Bom percentual do conteúdo nelas compartilhados são fúteis e descartáveis, mas quem consegue ficar sem dar uma bisbilhotada, de vez em quando, na linha do tempo para ver a última dos amigos?

O Facebook é tal como garimpo. Em meio a muita lama e pedras há algumas pequenas pepitas de ouro – bons conteúdos, produtivos, interessantes, com humor refinado. Ao clicar "curtir" em um deles, entretanto, acabei me comprometendo.

Um amigo havia escrito uma lista de curiosidades sobre ele. Achei interessante e "curti", sem me dar conta do teor da brincadeira. Quem curtisse, teria de relatar curiosidades na rede, conforme número recebido pelo amigo curtido. Este que vos "fala" recebeu o número 15 e fez sua parte.

1- Sou viciado em café. E o primeiro passo é reconhecer o vício;

2- Tal como o amigo advogado Leonardo Pacheco, que me apresentou essa brincadeira e me intimou a apresentar 15 curiosidades sobre mim, tenho medo de panela de pressão. E por isso não cozinho feijão;

3- Fiz curso de datilografia em máquina de escrever Olivetti e, desde então, não preciso mais olhar para o teclado;

4- Sou metodista (denominação protestante), mas cursei a pré-escola e o antigo primeiro grau em instituições católicas;

5- Meu primeiro vídeo game foi um Atari 2600 (quem nasceu depois dos anos 80 e não faz ideia do que é isso, clique aqui);

6- Escrevo cartas e coleciono cartões postais. Os mais inusitados que recebi foram postados da Groenlândia e de Galápagos, mas ainda não recebi nenhum da Ásia;

7- Desde 2000 me correspondo por cartas com uma amiga húngara de Budapeste, chamada Liana. Ainda não a conheci pessoalmente;

8- Cuido bem do meu coração com um bom vinho tinto e meu prato favorito é feijoada;

9- Cursei um ano de Tecnologia em Automação Industrial, no antigo Cefet-PR, antes de desistir dos cálculos para estudar Jornalismo;

10- Meu primeiro trabalho como jornalista, antes mesmo de terminar a faculdade, foi como repórter estagiário de esportes no Diário do Sudoeste, de Pato Branco, em 2003. E meu chefe, à época, era sobrinho de Renato Russo;

11- Gosto de estudar idiomas. Falo inglês e italiano e tentei aprender alemão e francês (até o momento, sem sucesso);

12- Disputei competições de tênis de mesa e, ao modo Barrichello, fui duas vezes vice-campeão da faculdade;

13- Meu maior hobby é viajar, conhecer novas culturas e gente diferente. Realizei um dos sonhos de infância aos 29 anos, ao conhecer Machu Picchu;

14- Casei antes dos 25 e me divorciei bem antes dos 30. Se arrependimento matasse, não estaria aqui participado dessa brincadeira;

15- Não quero me curar do meu vício.
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23 de julho de 2013

Que Frio

LF
O vento gelado não assustou tanto. Incomodou um pouco, confesso, mas quem gosta de frio não pode reclamar nessas horas. Vesti o sobretudo que trouxe da Alemanha e que repousava há anos no guarda-roupa, apanhei um gorro para proteger a careca e parti para o trabalho, a pé, pelas ruas de Maringá. Dizem os meteorologistas se tratar da massa de ar polar mais intensa a atingir o Sul do Brasil em 15 anos.

Coisa boa. No inverno não suamos por qualquer coisa, come-se e dorme-se melhor e os insetos desaparecem. Até o mosquito da dengue, que com uma forcinha de munícipes porcos mata cada vez mais, dá uma trégua. Calor é bom pra quem vive perto da praia e também pra moradores de rua – que em muitas cidades não têm onde se abrigar do frio.

O inverno começou em 21 de junho, mas foi na terceira semana de julho que ele deu as caras. Fez três graus na terceira maior cidade do Paraná, o que é suficiente para aterrorizar muito maringaense. Creio que um levantamento mais detalhado sobre essa frente fria apontaria para um recorde de atestados médicos em 2013. Há quem se recuse a sair debaixo das cobertas quando as temperaturas despencam.

"Que exagero", diria um canadense sobre quem classifica como "gelada" qualquer temperatura positiva. Saibam os canadenses que frio é relativo e cada um o encara de modo diferente. Enquanto baianos correriam risco de extinção com menos de dez graus; Montreal, Toronto e outras cidade do Canadá decretariam moratória se seus moradores "hibernassem" aos três graus positivos de Maringá.

Pelas bandas do Papai Noel, a concepção de frio é bem diferente. Soube que o povo inuit, que habita o Polo Norte e não gosta de ser chamado de esquimó, tem quase dez palavras distintas para descrever neve. O pouco que aprendi sobre a cultura inuit foi com uma amiga groenlandesa que vive em Nuuk, a capital da Groenlândia, próximo ao círculo polar ártico. No último bate-papo, via Facebook, comentei sobre o frio que começava a fazer em Maringá, dias antes dessa frente fria que fez nevar em mais de 90 cidades no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Agora são nove da manhã e faz dez graus em Maringá. Esse é o nosso inverno – escrevi.
Sério?
Sim, mas vi na TV que vai esfriar um pouco mais. 
Aqui em Nuuk faz oito graus agora. Talvez passe de 15 graus. Esse é nosso verão.

Na Groenlândia, às vezes, chega a nevar no verão, para felicidade dos ursos polares. Da neve que cai no Sul do Brasil e que, nos noticiários, disputa pau a pau espaço com a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro; diria um groenlandês: que frio? Diria um maringaense: que frio! Diria um gaúcho: bah, que frio tchê! Diria a jornalista Sandra Annenberg (âncora do Jornal Hoje, da Rede Globo): que deselegante esse frio. Diria um baiano: ...

5 de junho de 2013

Dez bons hábitos para preservar o meio ambiente

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No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 junho, despertei pela manhã pensando em algo especial para escrever nessa data. Recordei-me das lições recebidas – de meus pais, professores, amigos, colegas jornalistas e ambientalistas –, ao longo da vida, sobre como agir para ajudar na preservação do meio ambiente.

Há muito o que fazer se quisermos preservar as belas riquezas naturais, que ainda temos hoje, para as futuras gerações. Se cada um fizer um pouco, considerando que a união faz a força, vai dar certo! Do pouco que aprendi sobre preservação do meio ambiente, separei dez bons hábitos que podem fazer a diferença nas nossas vidas e no meio em que vivemos.

#1 Abandonar as sacolinhas plásticas do supermercado – use sacolas de pano, de preferência;
#2 Fechar a torneira enquanto escova os dentes;
#3 Tomar café, no escritório, em sua própria caneca. O cafezinho fica mais gostoso em recipientes de vidro ou porcelana do que nos copinhos de plástico... e o meio ambiente agradece;
#4 Digitalizar documentos e imprimir só o que for extremamente necessário; 
 #5 Utilizar papel reciclado. É um pouco mais caro do que o papel branco, mais nenhuma árvore teve de ser derrubada para produzi-lo.
#6 Abastecer o carro flex com etanol (álcool). Combustíveis fósseis como o petróleo (de onde vem a gasolina) são mais nocivos à natureza do que os biocombustíveis; 
#7 Preferir o transporte coletivo ao individual. Se os ônibus (ou metrô) de sua cidade são ruins e a tarifa é cara, lute para que a situação melhore. E se não melhorar, na próxima eleição, não vote no mesmo candidato;
#8 Comprar uma bicicleta para ir ao trabalho ou à escola pedalando. O menos poluente entre os combustíveis é a "banha";
#9 Trocar o automóvel motor 2.0 ou superior por um modelo mais econômico. Se é fundamental ter um carro (não dá para levar a "mina" para jantar de bicicleta, não é mesmo?), escolha um que consuma menos combustível;
#10 Contribuir financeiramente com ONGs que trabalham na proteção e preservação da natureza. Se estiver faltando dinheiro, ao menos compartilhe nas redes sociais essas dicas. Vai que um milionário leia a postagem depois de você.
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26 de fevereiro de 2013

Amigo de Fé

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Já se passaram quase duas décadas desde a época que o irmão do meio dos três filhos de Dona Clacy costumava dizer que, quando fosse adulto, moraria em Maringá, a cidade mais arborizada e encantadora do Paraná. Terra onde tudo que se planta dá, cidade daquela catedral em formato de cone, de belas moças, bom clima e gente acolhedora. Mas Deus tinha outros planos para os três irmãos.

O do meio permaneceu na cidade natal de seus pais. Foram o primogênito e o caçula de Dona Clacy a desembarcar em Maringá. Primeiro o mais velho, dois anos mais tarde o caçula. Dividiram apartamento e viveram bons momentos juntos. Foram um para o outro o mais certo das horas incertas, sempre com “palavras de força, de fé e de carinho”, como já dizia Roberto Carlos em uma de suas canções mais famosas.

O mais velho da história, já careca aos trinta e poucos, é este que vos escreve. Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que meu irmão mais novo, semanas depois de terminar a faculdade de Publicidade lá no outro lado do Estado, chegou a Maringá em busca de melhores oportunidades na profissão. Depois daquilo e até então, vivi o que considero a melhor fase da minha vida. Ninguém deveria ser filho único, porque um irmão é uma das maiores bênçãos que alguém pode ter.

Não é preciso ter um milhão de amigos. A presença de quem se ama, do irmão sempre por perto, na maioria das vezes mais do que basta. Nos bons momentos, a felicidade conseguia ser plena, mesmo que fosse nas coisas mais pequenas, como nas noites de queijo e vinho antes dos combates da madrugada, na TV; na preocupação quando o outro estava doente; nas partidas de basquete na tabela vergonhosamente mal conservada da Vila Olímpica; no boteco de chope com colarinho e espetinho barato; nas partidas de futebol ou de Street Fighter no videogame, que eu sempre perdia, mas gostava de alardear que ganhava.

Depois de três anos juntos, meu brother, por quem sempre tive aquele sentimento de responsabilidade típico de irmão mais velho, partiu para uma nova caminhada. Provou mais uma vez que é um grande guerreiro. Sem emprego ou lugar certo para morar, mudou-se para Buenos Aires para um ano de estudos. Na certeza de que alguma portenha há de conquistar seu coração, penso que o jovem publicitário ficará na Argentina por bem mais que onze ou doze meses.

Na primeira noite após sua partida, a sensação foi de nó na garganta. Um sentimento difícil de explicar. Para fazê-lo, precisaria de ao menos um farelo do talento de Hemingway ou de Shakespeare. Sei que meu irmão João Paulo, a quem ajudei minha mãe na escolha do nome, não é um grande fã de Roberto Carlos, mas foi em uma canção do rei - ou melhor, uma verdadeira poesia do rei e de seu amigo Erasmo Carlos - que encontrei as palavras certas para expressar o que sinto.

“Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo, mas é muito bom saber, que você é meu amigo. Não preciso nem dizer, tudo isso que eu lhe digo, mas é muito bom saber que eu tenho um grande amigo.” Irmão e grande amigo. Benditas sejam as amizades eternas!
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8 de fevereiro de 2013

Boa Viagem

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Era para ser mais uma sexta-feira de verão. Em Maringá, normalmente, isso significa calor e temperaturas máximas acima de 30 graus, ótimo para quem está na praia e péssimo para quem não tem ar-condicionado no escritório. Ainda bem, o que era para ser não foi. Fez frio!

Aquela manhã começou com cara de chuva e clima ameno. Ótimo para um café bem quente e um pão com chimia. Acordei cedo, com tempo de alguma leitura antes de partir para o trabalho. "Será que tem revista para mim na portaria", pensei. Desci na recepção do prédio para conferir e aproveitei para levar algumas sacolas de lixo. Deixei a água fervendo para passar o café. Um dia fresquinho daqueles merecia algo melhor que um mero solúvel.

Na portaria, nenhuma revista, mas uma grata novidade. O carteiro havia entregado um cartão postal de uma amiga viajante, jornalista, ex-colega de redação no maior jornal da cidade. De sorriso ímpar, por sorte, era minha vizinha de mesa. No jornal, eu costumava pegar pautas de política e ela, de assuntos mais honestos. Às vezes, flagrava-me olhando para a bela jornalista. Quando se trabalha por longas horas e sucessivos dias diante do computador, colírio se faz necessário.

Depois de encher o coração dos maringaenses de saudades, numa despedida sem alardes, Cristiane ganhou o mundo. Morou em Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e sei lá onde mais. Quase a perdemos para Londres. Por fim, descobri no postal, estava ela em Recife. Logo imaginei as praias, a boa comida, gente receptiva e tantas paisagens de tirar o fôlego. É o que eu vejo nas fotos de amigos, nas revistas e na TV, já que, por infortúnio, nunca estive no Nordeste do País.

"Estou adorando Pernambuco! Recife tem um vento bom que balança os cabelos e faz a gente pensar na vida", escreveu a amiga, de cabelo longos, pretos e lisos. Fã de Chico Buarque, moça de bom gosto, fina e ao mesmo tempo simples. Tanto é que certa vez, já faz alguns bons anos, convidei-a para sair comer um "dógão" desses de esquina, com direito a molho de maionese temperado com ervas, e tubaína para acompanhar. E ela topou sem titubear. Recordar bons tempos do passado nos faz revigorar a alma.

Para um colecionador de postais, aquela correspondência foi um deleite. Na foto, Boa Viagem, a praia urbana mais famosa e badalada da capital pernambucana. Li que são quase sete quilômetros de extensão, de areia dourada e convidativa, com parte da costa protegida por uma barreira de recifes, responsável pela formação de belas piscinas naturais.

Entre goles de café e mordiscadas no pão com chimia, li e reli o postal. Apanhei um alfinete e marquei Recife no mapa-múndi que tenho na parede da sala. No quadro estão marcados todos os lugares de onde amigos me enviaram postais. Isso inclui destinos exóticos como as capitais Honolulu, do Havaí, e Nuuk, da Groenlândia. Como decoração, combinou com a bicicleta que tenho na parede.

Com a alma e o estômago alimentados, parti para o trabalho, sem blusa, para aproveitar o clima ameno. Como postais não anunciam detalhes do remetente, terei de descobrir por outros meios o endereço para retribuir, com outro postal, essa pequena lembrança que tornou um dia cinzento muito mais agradável.

E antes que me perguntem o que é "dógão" e chimia, digo-lhes que o primeiro, também conhecido como cachorrão, é o lanche típico de Maringá, um tipo de cachorro quente prensado que nenhuma outra cidade no mundo sabe fazer melhor. Nessa bela cidade arborizada, Big Mac é para os fracos. O segundo é o nome gaúcho, aportuguesado de schmier em alemão, para doce ou geleia de passar no pão. Detalhe, nossa schmier é doce e a dos alemães, salgada e preparada com queijo (Shimierkasse).
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