26 de janeiro de 2009

Uma "diliça" de madrugada

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Estou disposto encerrar 2009 e, no balanço de fim de ano, exclamar: "puxa, foi o melhor ano da minha vida". Na escola, quando se tira uma nota muito baixa, é necessário mandar bem no teste seguinte (ou preparar uma cola bem discreta) para compensar. Com a vida é a mesma coisa, se um ano foi ruim, o seguinte precisa ser melhor.

O final de semana mostrou que o melhor está por vir. No domingo trabalhei, no sábado não teria nada para fazer. Nada, até surgirem "do além" dois amigos. Algo a ressaltar: não é necessário muito mais do que a companhia de bons amigos para ser feliz.

Na sexta-feira do happy hour, o que tive foi um tired hour. Saí do jornal já era passado das 22 horas, cansado, com fome, mas completamente sem sono. Queria escrever, mas não estava disposto a atualizar meu blog. A solução foi entrar no MSN, a cocaína da internet (poucas coisas viciam tanto na grande rede).

Com as melhores do Neil Diamond tocando na caixinha de som do computador, como massagem para meus ouvidos, encontrei online no MSN uma estudante de Direito que conheci em 2008, durante uma reportagem na Câmara Municipal. Linda, simpática, inteligente, pop, encantadora - mas, infelizmente, sempre tão distante. Com Neil Diamond cantando "Sweet Caroline", a vontade era convidá-la para dar uma volta, para ter a companhia de alguém que realmente vale a pena.

Como costuma acontecer com os mortais, mal tive tempo de concluir o raciocínio ouço o barulhinho chato de nova mensagem no MSN. Era ela, por volta da meia-noite e meia, dizendo que estava de pijama, mas que iria sair. "Minhas amigas vão passar aqui em alguns minutos", explicou. Ainda tive tempo de responder antes de mandar um beijo de despedida (que virtulamente não tem graça alguma): "comigo, se o telefone tocasse agora, seria trabalho na certa", disse, um tanto desanimado.

No Windows Media Player tocava "Girl, you'll be a woman soon", do Neil Diamond. Na minha mesa pouco organizada, o café já tinha acabado. No MSN, quase ninguém online (todos deviam estar festando). Pensei: "Neil Diamond, você e a Pituli (minha cadelinha) serão minha companhia nesta madrugada de insônia".

Felizmente, estava enganado. Pouco antes da 1 hora, eis que aparece online um amigo, repórter também (dos bons), questionando: "está a fim de beber um vinho". Não sei decor o que respondi, mas foi algo do tipo: "estou, mas só nós dois?" Seria melhor, com certeza, uma companhia feminina. "Vai mais alguém?", perguntei.

O Cara é dons bons, já tinha pensado em tudo. O colega repórter já tinha convidado uma amiga em comum, também jornalista, para uma rodada de vinho, música, risadas. Sem pressa, sem olhar para o relógio, para mostrar aos problemas de 2008 que a felicidade curte as pessoas de bem.

"Ela já passa aí te pegar", disse ele. "Tábom, preciso de dez minutos", respondi, desliguei o notebook e me aprontei, como se ainda fosse uma criança a instantes de uma festinha repleta de brigadeiros, beijinhos e muita Coca-Cola.

Três jornalistas - o Mortal (eu), o Cara e a Diliça (como ela mesmo gosta de citar, com toda a razão) - curtindo a madrugada adoidado. Um incenso para o ar, um vinho tinto seco para animar. A marca do primeiro não lembro, o segundo era um Conha y Toro - de excelente custo-benefício.

No apartamento do Cara, tudo muito no lugar (ele mesmo faz a faxina), conversamos sobre tudo, de sexo à religião; ouvimos as melhores músicas; assistimos no YouTube a alguns clipes - para tirar a dúvida de quem é melhor: Beyoncé ou Shakira (esta, é claro) -; e dançamos. O Mortal aqui fez algo que, algumas taças de vinho depois, poderia ser classificado como dança, com algum esforço.

Pouco acostumada com o cálice fermentado de uvas, Diliça caiu no sono lá pelas 5h45. Mortal e o Cara, ainda sem sono, tentavam compreender, com auxílio de um livro, como é que os signos do zodíaco podem explicar quem somos. A única conclusão que tiramos, lá pelas 6h30, é de que estávamos varados de fome.

Loucura. O dia já tinha amanhecido, mesmo assim não tínhamos esgotado o estoque de risadas. Como ser feliz faz bem. E se rir rejuvenesce, devo ter ficado uns cinco anos mais jovem (embora não tenha notado diferença alguma no dia seguinte). Depois do café na Panificadora Holandesa, o Cara foi dormir, Diliça foi finalizar uma matéria e, o Mortal aqui, ler o jornal do dia. E que dia, melhor, que madrugada.
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14 comentários:

  1. Meu amigo L.F., com toda certeza, nem mesmo a mulher mais quente é tao deliciosa do que uma boa noite de risadas com bons amigos! Afinal nao é todas as noites que temos a oportunidade de jogar papo fora e rir dos tropeços da vida.
    Um forte abraço e sucesso sempre!

    Eiguel Ribeiro

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  2. Cool LF ... pena que eu não conheci este cara aí deste post na Graduação... poderíamos ter curtido mais nossa amizade beijos ... belo blog!

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  3. ô Mortal. Neil Diamond é dose hein.
    proxima vez q tu descer pra cá, te mostro o verdadeiro Neil, o Young... e de brinde tu leva umas do Dylan.

    Prox. crônica:
    Estudando direito de Madrugada

    :D
    abraço, meu irmão!

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  4. Salve, que noitada boa heim? Essa eu perdi, mas na próxima, tô dentro! os domínios do Samurai ainda? Essa fica na história! Uthah e até segunda, tô chegando...Fonta

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  5. Detalhe: "Girl, you'll be a woman soon" tocou em casa, de madrugada, mas com Urge Overkill. Eu e Diliça dançamos.

    Ass.: O Cara

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  6. Eu ia dizer que já sabia que O Cara era o Vini e a Diliça, a Adriana. rs! Esses programas costumam ser os melhores.

    Saudades de vcs.

    Rachel

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  7. Perfect, sabe qndo vc se sente parte do enredo?! ;)

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  8. Hummmm
    adorei a crônica, mas morri de vontade de estar com vocês!!!
    da próxima me chamem, por favor, nem se for de madrugada e eu estiver em Palotina!!!!
    Andréa.

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  9. Gente, madrugada de sábado inesquecível, viu!! Amei demais a companhia de o Cara e de Mortal. Bebi, dancei, ri, conversei, passei mal e depois comi, hahahahaha... demás!!

    Ass.: Diliça

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  10. Foi esta crônica que deu início a uma série de outras em que os colegas de redação são personagens, cada qual com seu codinome. Alguns se tornaram, inclusive, protagonistas de histórias mais adiante. Diliça, O Cara e Mortal, posso atestar, se divertiram pra caramba aquele dia!!!

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  11. Nota: 7,0

    Thiago Ramari (por email)

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  12. Nota: 8,5

    Elaine Utsunomiya (por email)

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