17 de dezembro de 2008

Poodle cadente mata três

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Esta tive de compartilhar com os colegas de redação, que curtiram a suposta notícia. Diz que o fato se deu na Argentina, há alguns meses, e que teria sido publicada em importante jornal de lá. Até acredito, pois vindo da Argentina tudo é possível.

Um poodle chamado Cachi, que caiu de uma varanda no 13º andar, causou três mortes na Argentina.

O cão caiu sobre Marta Espina, de 75 anos, e ambos morreram instantaneamente. Edith Sola, de 46, se distraiu com a visão do animal cadente enquanto atravessava a rua e acabou morrendo atropelada por um ônibus. Um homem ainda não identificado que presenciou a terrível cena sofreu um ataque cardíaco, e também morreu.

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13 de dezembro de 2008

Agora, 1h da madrugada

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Pode um jornalista ter as postagens de seu blog supervisionadas, em tempos de liberdade de expressão e de imprensa, em tempos em que a censura da ditadura existe apenas na memória de quem viveu aquela triste época?

É o registro de uma indagação que me veio à mente, nesta sexta-feira. Faço essa postagem do mesmo local de todas as outras, em minha casa, em minha mesa, em meu notebook, no território onde sou empregado e sou patrão, bebendo um café com leite numa caneca de porcelana, de olho no computador, mas com os ouvidos atentos no Programa do JÔ.

Sozinho. Bem por isso, a redação (repleta de mentes pensantes) me faz tão bem. Vou preparar mais um café!
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11 de dezembro de 2008

(Não) parem as máquinas!

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Tem coisa mais bonita num jornal impresso do que uma rotativa em pleno 'vapor'? Na minha opinião, com exceção feita a algumas colegas de redação, não tem.

Tenho o ambiente de redação como minha segunda casa, aliás, às vezes sinto-me mais em casa na redação do que em minha própria casa, sozinho. E tem dias que, embora o ritmo puxado de trabalho, do estresse de produzir contra o relógio e com o chefe te lembrando do infame dead line, termino o expediente e ainda passo um algum tempo na redação.

Esta quinta-feira (11) foi assim. Iniciei a jornada no início da tarde e, às 18 horas, corri para a Câmara Municipal, na companhia do fotógrafo Ricardo Lopes, cobrir a última sessão ordinária do ano. Voltaria com a manchete de capa, mas a vereadora Edith Dias (PP) propôs o adiamento da votação, por uma sessão, do projeto de lei que aprova a cobrança da taxa de tratamento de lixo e, aí, nada de capa.

Terminei o trabalho e fui ficando, organizei minha mesa até ser informado de que os primeiros exemplares da edição do dia seguinte estavam saindo do "forno", ou melhor, da rotativa. Fui à gráfica apanhar um exemplar, fresquinho, daqueles que por pouca coisa suja os dedos de tinta. Admirei por um instante a rotativa em ação e a velocidade com o qual o jornal ganha vida, sem uma única letra borrada.

Lembrei-me dos filmes que assisti, nos tempos da faculdade, das cenas em que o editor-chefe deixava apressado a redação rumo à gráfica, gritando: "parem as máquinas, parem as máquinas". Nunca vi isso ocorrer na vida real, mas hoje, mais uma vez, tive em minhas mãos uma edição virgem de jornal. A sensação (ao menos para um jornalista) é prazerosa, podem crer.
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9 de dezembro de 2008

O anjo que virou demo

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A Bíblia fala, no livro de Gênesis, sobre a criação da Terra. Talvez por falta de espaço, talvez por sigilo divino, ou ainda pela falta de papel e caneta naqueles tempos, o livro sagrado não traz detalhes pormenores sobre como tudo começou. Aí, como sempre, há alguém com uma teoria nova sobre o início da humanidade.

Considerando o que ficou "em off", na minha versão, a história foi mais ou menos assim. No princípio, Deus criou os céus e a Terra. Depois, trabalhou na fabricação de uma variedade incrível de seres, todos irracionais, para enriquecer a Sua criação.

O Altíssimo percebeu, no decorrer da semana, que a invenção só ficaria legal se nela existisse alguém que fosse sua imagem e semelhança, que fosse inteligente, forte, decidido, valente, trabalhador e que jamais trocasse futebol por novela. Para encurtar a história, era o que faltava para a criação do homem. A obra-prima da fabulosa invenção recebeu o nome de Adão.

Uma das primeiras atribuições de Adão foi a de chefe de cartório do Éden. Ele tinha total autoridade para nomear os outros animais da época. Era um trabalho cansativo, mas a falta de ter com quem conversar – e de fazer outras coisas – fez de Adão um sujeito estressado. Nem os comprimidos diários de ginseng estavam resolvendo o problema.

Bem no dia em que Adão havia decidido que o animal pescoçudo se chamaria girafa e que o mais temido deles teria o nome de leão, Deus resolveu acrescentar algo à criação. Quando Adão adormeceu, logo após comer carne de carneiro ao molho madeira, Deus investiu na criação da mulher. "Acho que uma costela será o suficiente", pensou o Autor da Vida. Hoje é fato que talvez fossem necessárias bem mais do que uma mera costela.

Não há dúvidas, porém, de que Deus acertou em cheio no quesito beleza. Por pressuposto, deve ter exclamado após concluir a obra: "nossa, ficou bem mais bonito que o homem". Um detalhe, o ingrediente usado na fabricação de pêlos estava em falta, graças a Deus. Eva era loira natural, tinha a cintura bem definida e peso de acordo com sua altura: 1,70m. A cor dos olhos: azuis, claro.

Sempre perfeito, Deus gastava boa parte de seu tempo cuidando da Terra, de todos os seres vivos, mais precisamente de Adão e Eva. Os dois já pensavam em ter filhos, mas não sabiam como fazê-los, embora assistissem à reprodução dos demais animalzinhos – o namoro do cavalo e da égua, inclusive, era o que mais despertava a atenção dos filhos de Deus.

Enquanto Deus se preocupava com seus projetos aqui em baixo, ou melhor, no planeta azul, nos céus um sujeito chamado Lúcifer protestava por mais poder. O Diabo, com era chamado por seus amigos de infância, queria ser "o cara" e pensava que poderia ser mais "o cara" do que o próprio Todo Poderoso. Pensou até em ser presidente dos céus, o que era impossível para um anjo.

Deus, em sua eterna bondade, simplesmente repreendeu Lúcifer. Nada de castigo, como ter de ficar de joelhos sobre um monte de milho no canto da sala, apenas um pequeno puxãozinho de orelha. Entretanto, Lúcifer não sossegou. Ganancioso, ambicioso, vaidoso e teimoso – alemão nenhum era tão teimoso quanto ele –, Lúcifer não aceitava o fato de que nunca poderia ser o "Todo Poderoso".

Esquerdista, como sempre, Lú logo criou um partido político, que registrou como PUM (Partido Ultra Maligno). Reuniu consigo anjos que apostavam na força da oposição e, em poucas horas divinas, deu início a invasões de nuvens de diamantes, a panelaços em frente ao rio divino e cristalino, a pichações no trono dourado, coisas do tipo.

Deus, sempre ponderado e justo em suas decisões, refletindo sobre os acontecimentos, pensou ser melhor abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra seu mais belo anjo. Vale ressaltar que o nada modesto Lúcifer havia ganhado 203 edições consecutivas do Mister Heaven, até perder o último concurso para o anjo Gabriel, fato que causou o maior quebra-quebra e resultou no cancelamento do evento por 10 mil anos. Deus não estava nada satisfeito com as atitudes de Lú. Já o havia proibido de consumir energéticos e de ingerir bebidas alcoólicas, mas o cidadão não tomava jeito.

Um atentado promovido por Lúcifer contra Miguel, comandante da T.O.P.E (Tropas Ostensivas de Patrulha Eterna), foi a gota d’água. Era o que faltava para dar prosseguimento à CPI. Deus – que por ser onipotente, onipresente e onisciente não tinha dúvidas da autoria do atentado a bomba – queria apenas colocar o preto no branco, comprovar a todos que o Diabo era o culpado e que merecia ser punido.

O caso chegou ao fim depois de alguns dias celestiais. Um DVD bastante comprometedor, encaminhado à Justiça Divina por anônimo, foi apresentada como prova principal pela Promotoria Celestial, permitindo assim o fim das investigações. Nas imagens, Lúcifer, “mamado” depois de algumas caipirinhas, aparecia espancando dois serafins e cinco arcanjos ao mesmo tempo – anjos que queriam impedi-lo de seguir com os planos do atentado. A gravação tinha baixa resolução, mas as imagens eram nítidas e com bom áudio, o que dificultou o trabalho dos advogados de defesa, partidários do Diabo.

Enfim, o julgamento veio para trazer novamente a paz eterna. Durante o juízo divino, Lúcifer chegou a pegar fogo de raiva. Seus advogados de defesa fizeram o possível para tentar livrar a cara do cliente-demo, mentiram bastante inclusive. Contudo, as alegações da defesa não foram suficientes. O Diabo foi condenado a ser expulso dos céus, sem direito a recorrer. Todos os seus partidários, cúmplices, foram enquadrados com igual sentença.

Toda a cambada de Lúcifer perdeu o título de anjo, tornando-se demônios exilados no mundo de Adão. Não demorou muito e Lú se fantasiou de serpente para incentivar Eva a mordiscar uma jaca – alguns defendem que se tratava de uma maçã, mas boto fé que era uma jaca. O resultado disso foi o pecado original, um assunto para ser tratado em outra ocasião.
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3 de dezembro de 2008

A alma do negócio

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"A propaganda é a alma do negócio". É difícil encontrar alguém que ainda não tenha ouvido essa expressão. Mas será que é mesmo? Bom, por via das dúvidas e com exceção do fabricante da 'milagrosa' pomada Minancora, ninguém ousa deixar a propaganda de lado.

Mesmo quem vende pela internet produtos, idéias e serviços investe pesado em anúncios. Em alguns casos, o 'pesado' significa gastar uma boa grana com a divulgação do negócio. Em outras situações 'pesado' quer dizer que o responsável pela propaganda pegou pesado literalmente, ferindo de morte o estômago do cliente. No clássico popular: "viajou na maionese".

Buscando sugestões de pauta para o jornal onde trabalho, acabei lendo sobre as possibilidades de ganhar dinheiro na grande rede virtual. Há mecanismos sérios, como o Adsense do Google, mas há muita pilantragem. Num site qualquer, que prefiro não passar o link, deparei-me com o esforço de um cidadão na venda de um daqueles (duvidosos) negócios em que a pessoa não precisa sair de casa para ganhar dinheiro.

Conheçam a "alma do negócio":

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BENEFÍCIOS DE GANHAR NA INTERNET

* Um belo dia você vai dar um chute na bunda do seu chefe.
* Você terá tempo livre, irá se divertir, irá viver a vida, visitar amigos, tomar um café no vizinho, tirar um dia de lazer, fazer exercícios, enfim, fazer o que quiser, enquanto seus negócios não param de trabalhar para você 24 h ao dia, 7 dias por semana.
* Se você namora, terá mais tempo para ficar com quem mais ama.
* Poderá prover de liberdade total sobre todas as coisas. Pergunte a alguém que teve sucesso na internet, se a vida não é uma beleza?
* Poderá viajar quando quiser, conhecer as maravilhas desse universo.
"

O sujeito lembrou até do cafezinho no vizinho. Um ás da propaganda! Detalhe, no "mundo cão" da internet, até a antiguíssima Minancora tem site!
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Esperando alguém especial

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Cresci em Pato Branco, onde ainda vive a maioria de meus familiares, mas precisei morar fora do Estado e também do País para, hoje, perceber que meu lugar é o Paraná. E Maringá teve papel fundamental nessa (re)descoberta. Tem muitos problemas para resolver - que município brasileiro não tem -, mas é para mim a cidade mais bela do Paraná.

Quando cursava o 2º grau no Cefet de Pato Branco, ouvia meu irmão do meio falar que gostaria de morar em Maringá, sentença repetida por ele dezenas de vezes. Suspeito que ele tenha, no passado, conhecido uma das incontáveis belas maringaenses e aí cismou que moraria por aqui. Contudo, foi o sortudo aqui quem teve o prazer de parar nessa encantadora cidade.

Como sei que meu irmão ainda mantém certa admiração por Maringá, e querendo que ele venha me visitar antes do final do ano, resolvi apelar. Aí, nada melhor que uma imagem da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória, enfeitada como de costume para o natal, para trazê-lo a Maringá.

Só espero que ele veja essa postagem. A bela foto é do colega de redação Rafael Silva, um fotógrafo meio pirado, porém, muito gente boa.
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2 de dezembro de 2008

Deu em O Diário

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Na postagem uma reportagem e um colega para não se esquecer jamais, a matéria em Cambé se deu em 11 de julho de 2007, com manchete de capa na edição dia seguinte, em O Diário.

O relato do trágico acidente saiu na página A6. No box 'parentes tomados pela emoção', foto de Henri Jr.
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Fusca para todos, até para loucos

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Sou um daqueles caras que tem um Volkswagen Fusca em ótimo estado e que, volta e meia, se obriga a responder: "não, não está à venda". Invisível aos olhos da maioria das mulheres (especialmente das mais jovens), o Fusca ainda seduz o público masculino.

Homens gostam de um Fusca bem conservado, mesmo que seja só para dar uma volta no final de semana. É, para muitos, como uma mulher experiente, em forma e com tudo em cima aos 35, aos 40 anos. Só que, normalmente, um Fusca dá menos despesa que uma mulher.

E na paixão pelo carro mais amado do Brasil, há quem extrapole. Uma rápida pesquisa no Google imagens deixa claro que o Fusca é amado por todos, até pelos loucos.


A la Greenpeace, "ambientalmente" correto


Quem disse que carro não voa, tem Fusca que voa!


Fusca off road... adeus atoleiro


O dono garante que funciona, loucura

Enfim, o Sólido: meu VW Fusca 1975, em ótimo estado - por dentro e por fora! Se mulheres gostasse de Fusca, ganharia alguns pontos.
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Papai Noel existe

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Tinha de cinco para seis anos de idade quando descobri, por culpa de uma barba postiça, que o Papai Noel era uma farsa! Num natal em família, avós, tios, parentes próximos, amigos de meus pais (que não tinham com quem passar a data), criançada reunida. Lembro-me muito pouco daqueles tempos, mas do Papai Noel moreno, magrelo e que ficava tirando com minha cara, recordo-me muito bem.

Meus pais queriam um natal especial, inclusive para as crianças. Isso demandava a figura do Papai Noel, incumbência que coube a meu primo Joce, um cara extrovertido que hoje mora na praia de Bombinhas, em Santa Catarina - pasmem e xinguem: ainda não fui visitá-lo. Só que de tão extrovertido, deu bandeira e logo descobri a identidade secreta do bom velhinho, já não tão bom assim. Nem o presente, um aviãozinho de metal que atirava 'mísseis' de plástico, alegrou-me. Relatei tudo a meu irmão (um ano e meio mais novo), com a devida urgência, porém, ele preferiu acreditar que de fato havia renas e que o cara de roupas vermelho e branco tinha vindo de trenó da Finlândia.

Passados 12 anos, um sentimento especial, de satisfação por ajudar o próximo, mostrou-me que o simpático barrigudo de barba branca não precisa existir, literalmente, para de fato existir. Na redação de O Diário, nosso pinheiro de natal tem, em meio a belos enfeites, cartinhas de crianças carentes que ainda acreditam em Papai Noel. E, para ao menos uma delas, decidi sê-lo.

A iniciativa é dos Correios, conforme relatou a matéria do colega Thiago Ramari: Correios esperam 8 mil cartas para o Papai Noel. E a realização do imaginário de tantos pequeninos é do Papai Noel que cada um de nós, um pouco mais afortunados, pode ser.

Li algumas cartinhas e uma, em especial, encantou-me. A pequena Stefani pediu um relógio de pulso e uma bola (julgo que, por ser menina, seja de vôlei). "Querido Papai Noel, obrigado pelos presentes que o senhor me deu. Agradeço muito. Perdoe-me pelos erros que eu fiz", escreveu a pequena, com letras tremidas e caligrafia esforçada. "Muitas crianças não acreditam em Papai Noel, mas eu acredito", disse - e notei que foi com sinceridade.

Foi algo que me alegrou na correria da redação. E sabe, Stefani faz bem em acreditar. Papai Noel existe, pelo menos para ela, neste natal, garanto que vai existir. E sugiro que os amigos procurem uma agência dos Correios para que o bom velhinho seja realidade para outras tantas crianças carentes.
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1 de dezembro de 2008

Um colega para não se esquecer

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Ocorre-me que o fato a seguir se deu em julho de 2007 (ou época próxima disso). Cinco de uma mesma família, que viajavam espremidos num Fusca, morreram em um trágico acidente em rodovia próximo a Londrina. O então chefe de reportagem de O Diário, Rodrigo Parra, levantou a cabeça, mirou em minha direção e disparou: "vai lá, e não volte sem um bom relato sobre o sentimento de dor daquela família".

A adrenalina disparou. Estava em minha semana probatória - a qual todo repórter de O Diário costuma ser submetido antes de ser contratado -, e temi que aquela matéria colocasse tudo a perder. Era o penúltimo dia no frila de uma semana (depois retornaria a Pato Branco), era o momento de "matar a cobra e mostrar o pau". E com uma ajuda única e especial, tudo deu certo.

O velório ocorria em Cambé, Região Metropolitana de Londrina, e para lá rumei na companhia do fotógrafo Henry Jr. Logo na chegada, ao estacionar o carro, antes de desembarcar, sentimos que a parada não seria fácil. Parentes das vítimas soltavam faíscas pelos olhos em nossa direção, pareciam ofendidos com a presença da imprensa e, acuados, não queriam que ficássemos. "Não tem nada para vocês aqui", gritou alguém, da casa onde velavam os mortos.

A morte foi causada por um estudante que, retornando (supostamente "mamado") da balada, após prestar vestibular na Universidade Estadual de Maringá (UEM), perdeu o controle de sua S-10 e atingiu o pequeno Fusca. Com o estudante, apenas algumas escoriações.

Ao descer do carro, Henri Jr. disse: "distrai o cara (aquele um, zangado), enquanto eu faço as fotos. Você pode inventar uma declaração, se quiser, mas eu não posso sair daqui sem uma foto", declarou, já calibrando a objetiva ideal para o momento. Foi o que aconteceu: ouvia horrores de um parente transtornado, que não queria dar entrevistas, enquanto o nobre colega adentrava de fininho na residência, sob olhares de desaprovação.

Foi uma reportagem delicada, quase apanhamos e o carro de O Diário por pouco não foi apedrejado, o que não ocorreu porque a presidente de bairro, com quem já havíamos conversado por telefone, contornou a situação em nosso favor. Henri Jr. voltou com as fotos e eu com a triste história. O mesmo sujeito que queria descer o braço na dupla entendeu que a publicação poderia pesar contra o jovem imprudente da S-10.

Da última vez que falei com Henri Jr., por telefone, quando ele já lutava contra o câncer, disse a ele sobre como sua astúcia e coragem foram fundamentais para que retornássemos de Cambé com a pauta cumprida. A matéria foi manchete da edição seguinte, e só o foi por causa do saudoso amigo. Sozinho, certamente teria apanhado e voltado sem as necessárias entrevistas, com os parentes das vítimas.

Nunca questionei Parra e Wilson Marini - o editor-chefe naquela época - se aquela matéria, em especial, pesou em favor de minha contratação. Tenho comigo que sim, por isso a última coisa que falei a Henri Jr. foi uma frase de agradecimento: "muito obrigado por aquele dia em Cambé". Ele sorriu e, em novembro deste ano, partiu deste mundo de reportagens muito loucas.

No jornal celestial, o mais lido entre os anjos, as fotos de Henri Jr. certamente estão ganhando a capa de todas as edições.
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