18 de agosto de 2009
Enfim, habilitado!
.
"Será que dá para desligar a seta?"
Ao invés de "aprovado" (ou "reprovado") foi isso que ouvi, com uma rispidez de grosso calibre, ao cruzar a "linha de chegada" do teste para a carteira de moto. Para ser franco, tratava-se do terceiro teste: já que havia reprovado nas duas primeiras tentativas e não suportava mais ver o fiscal descedente de japoneses que, ao julgar pela cara amarrada, chupa limão verde no café da manhã.
Sem saber o resultado e devidamente apreensivo, estacionei a moto no local pré-determinado e, com o capacete em mãos, fui ao encontro do japa para conhecer o veredicto. Com dores no corpo, dificuldade para respirar e medo de estar com a gripe suína, tinha saído de casa certo de que, naquela manhã, reprovaria no teste pela terceira vez. Não aguentava com meu próprio corpo, logo, tinha uma boa desculpa caso não aguentasse com a moto.
O céu estava azul, o clima agradável e a cara do japa, a mesma de sempre. Carrancudo, perguntou meu nome, olhou para a prancheta, olhou para mim, outra vez para a prancheta e, sem olhar novamente para mim, lançou a sentença: "Errou a seta, menos três pontos. E só, está aprovado". Na frente dele, esforcei-me para não dar um brado de felicidade.
Na avaliação prática para a carteira de moto, o candidato a motoqueiro pode perder, no máximo, três pontos. Mal de saúde a ponto de cogitar estar com a nova gripe, a aprovação - com a punição que fosse - era algo a comemorar. Após duas negativas vergonhosas, aqueles três pontos não seriam capazes de ferir meu orgulho - e não feriram.
Ergui a cabeça e, com o sorrido que alcançava a orelha - e com os olhos quentes, acho que de febre -, tomei apressado o rumo do portão de saída do circuito, para deixar o recinto antes que o avaliador pudesse mudar de ideia. Do lado de fora, tentei sem êxito fazer uma expressão de desânimo, para enganar o instrutor. "É isso aí rapaz! Já notei que você passou", disse aquele que me ensinou a guiar uma moto, ao me ver.
Ali, no momento de euforia, lembrei das palavras de apoio da noite anterior, quando o receio de não passar, de novo, bateu à porta. "Tu tens que querer passar. E tenho certeza que vais passar", disse a namorada, com seu agradável sotaque gaúcho, ao dar bem mais que palavras de apoio. Na companhia dela, com um bom filme regado a vinho, pulverizei o problema que acarretou na segunda reprovação: a ansiedade.
Para obter a carteira de moto, entregue em até oito dias úteis após a aprovação, precisei de um teste, dois retestes, três meses de espera, R$ 200 a mais que o normal e ajuda contra a ansiedade. Certo de que para tudo há um propósito, não há do que reclamar: nem da grana que desperdicei nem da gripe que me atrapalhou. Como a namorada teve os sintomas antes, sei bem como fiquei gripado. E se tive mesmo a influenza A, então foi a gripe suína mais bem pega da história.
Aliás, a nova carteira de motorista, agora também com a habilitação tipo A, não chegou até esta data. Desta vez, para compensar os tropeços nos testes, espero não sair parecido com o Shrek na foto. Tomara!
Crônica publicada no Jornal de Beltrão.
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"Será que dá para desligar a seta?"
Ao invés de "aprovado" (ou "reprovado") foi isso que ouvi, com uma rispidez de grosso calibre, ao cruzar a "linha de chegada" do teste para a carteira de moto. Para ser franco, tratava-se do terceiro teste: já que havia reprovado nas duas primeiras tentativas e não suportava mais ver o fiscal descedente de japoneses que, ao julgar pela cara amarrada, chupa limão verde no café da manhã.
Sem saber o resultado e devidamente apreensivo, estacionei a moto no local pré-determinado e, com o capacete em mãos, fui ao encontro do japa para conhecer o veredicto. Com dores no corpo, dificuldade para respirar e medo de estar com a gripe suína, tinha saído de casa certo de que, naquela manhã, reprovaria no teste pela terceira vez. Não aguentava com meu próprio corpo, logo, tinha uma boa desculpa caso não aguentasse com a moto.
O céu estava azul, o clima agradável e a cara do japa, a mesma de sempre. Carrancudo, perguntou meu nome, olhou para a prancheta, olhou para mim, outra vez para a prancheta e, sem olhar novamente para mim, lançou a sentença: "Errou a seta, menos três pontos. E só, está aprovado". Na frente dele, esforcei-me para não dar um brado de felicidade.
Na avaliação prática para a carteira de moto, o candidato a motoqueiro pode perder, no máximo, três pontos. Mal de saúde a ponto de cogitar estar com a nova gripe, a aprovação - com a punição que fosse - era algo a comemorar. Após duas negativas vergonhosas, aqueles três pontos não seriam capazes de ferir meu orgulho - e não feriram.
Ergui a cabeça e, com o sorrido que alcançava a orelha - e com os olhos quentes, acho que de febre -, tomei apressado o rumo do portão de saída do circuito, para deixar o recinto antes que o avaliador pudesse mudar de ideia. Do lado de fora, tentei sem êxito fazer uma expressão de desânimo, para enganar o instrutor. "É isso aí rapaz! Já notei que você passou", disse aquele que me ensinou a guiar uma moto, ao me ver.
Ali, no momento de euforia, lembrei das palavras de apoio da noite anterior, quando o receio de não passar, de novo, bateu à porta. "Tu tens que querer passar. E tenho certeza que vais passar", disse a namorada, com seu agradável sotaque gaúcho, ao dar bem mais que palavras de apoio. Na companhia dela, com um bom filme regado a vinho, pulverizei o problema que acarretou na segunda reprovação: a ansiedade.
Para obter a carteira de moto, entregue em até oito dias úteis após a aprovação, precisei de um teste, dois retestes, três meses de espera, R$ 200 a mais que o normal e ajuda contra a ansiedade. Certo de que para tudo há um propósito, não há do que reclamar: nem da grana que desperdicei nem da gripe que me atrapalhou. Como a namorada teve os sintomas antes, sei bem como fiquei gripado. E se tive mesmo a influenza A, então foi a gripe suína mais bem pega da história.
Aliás, a nova carteira de motorista, agora também com a habilitação tipo A, não chegou até esta data. Desta vez, para compensar os tropeços nos testes, espero não sair parecido com o Shrek na foto. Tomara!
Crônica publicada no Jornal de Beltrão.
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finalmente né primo parabens para vc fico feliz por ter passado e espero que essa dita gripe tenha sido so uma normal mesmo.
ResponderExcluiroi Fernando!
ResponderExcluirParabéns por ter passado.
Gostei do seu texto, como sempre, com uma pitada de humor.
Estou curiosa para conhecer a namorada! Pela foto, vc tem muito bom gosto!
Abraços... sucesso!
LF Cardoso disse...
ResponderExcluirLuiz Fernando
Que bela crônica. É que você continua de bem com a vida. Tenho uma denúncia pra lhe fazer: o editor aqui do Jornal de Beltrão pegou sua crônica e está publicado na edição deste sábado, página de Literatura. Se for do seu interesse, posso lhe dar o nome do editor, dê um esporro nele, como que publica sem lhe comunicar, né?
Grande abraço
Ivo Pegoraro (via email)
nossa que legal, vou comprar o Jornal de Beltrão nesse sábado :)
ResponderExcluirViva o jornal de beltrão, vai ficar ainda melhor!!!
ResponderExcluirParabéns pela aprovação na habilitação A, sucesso no curso em São Paulo, muita alegria no namoro com a Yngrid, felicidades no desenvolvimento profissional e em tudo que vc fizer na vida!
ResponderExcluirVc escreve bem pra "baralho"...
Eduardo, meu irmão do meio - o melhor irmão do meio do mundo, tomem nota! -, fico profundamente feliz sempre que encontro elogios exagerados seus em meu blog! Por muitas vezes, não estava bem e palavras tuas, vindas de surpresa, salvam meu dia!
ResponderExcluirUm forte abraço brother!
Em tempo... Luana, compra o Jornal de Beltrão, leia e deixa aí guardado para eu ver também quando for a Pato Branco.
Eeee parabéns.... que bom que acabou o sofrimento ^^, ja pode vender o fusca e comprar uma moto, opa isso não neh.
ResponderExcluirótimo texto como sempre!
FERNANDO,NAO TIVE TEMPO D ENTRAR NO BLOG ANTES,MAS AGORA TO VENDO Q VC É MTO BOM NO Q FAZ MSM,PARABENS,DA AMIGA ROSE DA PADARIA.
ResponderExcluirOie LF
ResponderExcluirCapaz que tirou carta de moto agora?
Quando falou de japonês, já lembrei dos maringaenses, oh terra pra ter japonês, mas são todos gente boa, pelo menos os que conheci quando ia pra Mgá.
seu blog é muito legal!
ah, cuidado no trânsito!
beijo,
Daiana Pasquim
Tem gente que nasce pra escrever, e tem gente que nasce para dirigir moto.
ResponderExcluirLi seu texto no jornal. Mas lá não dá pra deixar comentários.
um abraço
Nota: 8
ResponderExcluirVinicius Carvalho
Nota: 9,0
ResponderExcluirThiago Ramari (por email)
Nota: 8,5
ResponderExcluirJuliana Daibert (por email)
Nota: 8,5
ResponderExcluirElaine Utsunomiya (por email)