18 de novembro de 2010
Minhas férias...
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Redação quase sempre foi meu ponto forte nos tempos de colégio e, sendo assim, conseguia um bom desempenho nos vestibulares – mesmo com os 90% de erros nas questões de química. Embora a afinidade com as letras, havia algo que muito me incomodava nas aulas de língua portuguesa: a bendita-redação-anual sobre "minhas férias". Um porre! Mais porre até do que a tabela periódica - da qual só sei decor a localização e símbolo do hidrogênio.
Além da certeza de que as professoras não liam revistas de viagem e turismo, tinha minhas dúvidas se elas, de fato, liam todos aqueles textos repletos de falta de acentos, crases, vírgulas e, claro, desprovidos de criatividade. Ao invés de relatar minhas férias nos campinhos de várzea de Pato Branco – ou diante da televisão, nos dias de chuva, jogando Enduro no Atari –, preferia escrever sobre minhas viagens fake à Cidade Maravilhosa e ao Cristo Redentor, às praias nordestinas, sobre o Natal com neve em Nova York e muito mais, sempre inspirado em exemplares da revista National Geographic de minha mãe.
As professoras sabiam que eu não era burguês. Não parecia um burguês, meus pais tinham carro usado e meus tênis não eram caros, desses de marca. No 2º grau, tinha uma calculadora científica simples, enquanto os burgueses de verdade tinham calculadoras HP. Talvez as boas notas nas redações sobre "minhas férias" fossem pela criatividade ou, quem sabe, pelo fato de eu, já na adolescência, empregar razoavelmente bem as vírgulas. Um colega, que mais tarde veio a se formar em Processamento de Dados, sempre reclamava: "por que a professora não pede uma redação sobre eu e minhas primas?" Ele comia bem e ainda reclamava. O colega não conhecia o mar e nunca viajava nas férias, mas tinha primas gostosas.
Nas férias, numa época em que internet era quase ficção científica, os jogos de tabuleiro estavam entre os passatempos prediletos de meu irmão do meio e eu. Num deles, ganhava quem desse a volta ao mundo primeiro, administrando a verba da viagem entre viagens de avião, trem, navio e ônibus. Perdia quem torrasse o dinheiro sem completar o roteiro, apontado por carta sorteada do baralho.
Lembro-me de uma de minhas vitórias, que passou por Machu Picchu e terminou na Alemanha. Influência do jogo de tabuleiro ou não, cresci com o sonho de viajar à Europa e de conhecer as montanhas sagradas dos incas, nos Andes peruanos.
Entre 2006 e 2007, pude realizar um desses sonhos. Tive o privilégio de ser selecionado para um intercâmbio profissional, na emissora pública Deutsche Welle, e de morar quase cinco meses em Bonn, na Alemanha. Retornei da Europa com 25 anos de idade e o desejo de me preparar para, antes de completar 30 anos, fazer outra viagem marcante. Da promessa feita a Geordano, ex-colega de jornal e grande amigo, de que o visitaria em Lima, veio a recordação do sonho dos tempos de colégio: conhecer Machu Picchu.
No feriado da Proclamação da República, depois de pesquisar sobre o Peru e de conversar a respeito com uma amiga que já esteve em Machu Picchu, tomei coragem e escolhi um voo. Com bom representante da dita geração Y, comprei as passagens em uma agência de viagens na internet. Com o dólar desvalorizado, saiu em conta: São Paulo a Lima (ida e volta) por R$ 774, incluídas taxas de embarque, parcelado em cinco vezes sem juros.
Farei a viagem para Machu Picchu em dezembro, três meses antes de completar 30 anos. Um presente de mim para mim mesmo, sobre o qual terei prazer de escrever a respeito. Pela primeira vez, a redação sobre "minhas férias" não será um incômodo e, o melhor de tudo, não precisarei recorrer à revista da National Geographic.
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Redação quase sempre foi meu ponto forte nos tempos de colégio e, sendo assim, conseguia um bom desempenho nos vestibulares – mesmo com os 90% de erros nas questões de química. Embora a afinidade com as letras, havia algo que muito me incomodava nas aulas de língua portuguesa: a bendita-redação-anual sobre "minhas férias". Um porre! Mais porre até do que a tabela periódica - da qual só sei decor a localização e símbolo do hidrogênio.
Além da certeza de que as professoras não liam revistas de viagem e turismo, tinha minhas dúvidas se elas, de fato, liam todos aqueles textos repletos de falta de acentos, crases, vírgulas e, claro, desprovidos de criatividade. Ao invés de relatar minhas férias nos campinhos de várzea de Pato Branco – ou diante da televisão, nos dias de chuva, jogando Enduro no Atari –, preferia escrever sobre minhas viagens fake à Cidade Maravilhosa e ao Cristo Redentor, às praias nordestinas, sobre o Natal com neve em Nova York e muito mais, sempre inspirado em exemplares da revista National Geographic de minha mãe.
As professoras sabiam que eu não era burguês. Não parecia um burguês, meus pais tinham carro usado e meus tênis não eram caros, desses de marca. No 2º grau, tinha uma calculadora científica simples, enquanto os burgueses de verdade tinham calculadoras HP. Talvez as boas notas nas redações sobre "minhas férias" fossem pela criatividade ou, quem sabe, pelo fato de eu, já na adolescência, empregar razoavelmente bem as vírgulas. Um colega, que mais tarde veio a se formar em Processamento de Dados, sempre reclamava: "por que a professora não pede uma redação sobre eu e minhas primas?" Ele comia bem e ainda reclamava. O colega não conhecia o mar e nunca viajava nas férias, mas tinha primas gostosas.
Nas férias, numa época em que internet era quase ficção científica, os jogos de tabuleiro estavam entre os passatempos prediletos de meu irmão do meio e eu. Num deles, ganhava quem desse a volta ao mundo primeiro, administrando a verba da viagem entre viagens de avião, trem, navio e ônibus. Perdia quem torrasse o dinheiro sem completar o roteiro, apontado por carta sorteada do baralho.
Lembro-me de uma de minhas vitórias, que passou por Machu Picchu e terminou na Alemanha. Influência do jogo de tabuleiro ou não, cresci com o sonho de viajar à Europa e de conhecer as montanhas sagradas dos incas, nos Andes peruanos.
Entre 2006 e 2007, pude realizar um desses sonhos. Tive o privilégio de ser selecionado para um intercâmbio profissional, na emissora pública Deutsche Welle, e de morar quase cinco meses em Bonn, na Alemanha. Retornei da Europa com 25 anos de idade e o desejo de me preparar para, antes de completar 30 anos, fazer outra viagem marcante. Da promessa feita a Geordano, ex-colega de jornal e grande amigo, de que o visitaria em Lima, veio a recordação do sonho dos tempos de colégio: conhecer Machu Picchu.
No feriado da Proclamação da República, depois de pesquisar sobre o Peru e de conversar a respeito com uma amiga que já esteve em Machu Picchu, tomei coragem e escolhi um voo. Com bom representante da dita geração Y, comprei as passagens em uma agência de viagens na internet. Com o dólar desvalorizado, saiu em conta: São Paulo a Lima (ida e volta) por R$ 774, incluídas taxas de embarque, parcelado em cinco vezes sem juros.
Farei a viagem para Machu Picchu em dezembro, três meses antes de completar 30 anos. Um presente de mim para mim mesmo, sobre o qual terei prazer de escrever a respeito. Pela primeira vez, a redação sobre "minhas férias" não será um incômodo e, o melhor de tudo, não precisarei recorrer à revista da National Geographic.
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E como a gente vai acreditar que não é fake? Ahahahah. Coloque fotos(sem montagem), e quero cópias escanerizadas das passagens, de hotéis e até de restaurantes. Tudo no seu nome(sem montagem). Vai que você ainda está nos tempos de colégio. Brincadeira. Boa viagem pra vc. É uma viagem que também está nos meus planos.
ResponderExcluirPrepare-se para conhecer o lugar mais espirituoso e de energias boas deste mundo!! Quando voltar vai me dizer q eu tenho razão. Divino!
ResponderExcluir@TukaNunes (via Facebook)
Ah mas ter uma calculadora científica nem significa nada. Vai dizer que você não achava impossível de fazer qualquer tipo de conta nela?! Eu achava. Hahahhaha
ResponderExcluirBoa viagem e como disse José Adriano não vai escrever fake.
Em detalhes pra invejinha ficar maior :D
Muito bom, quero ler a sua descrição sobre Machu Pichu. Com certeza, não será o mesmo Luiz Fernando. O rio que corre nunca é o mesmo, não é verdade? Boas férias.
ResponderExcluirWilson Marini, jornalista (via e-mail)
AMigo parabéns pela conquista da realização de um sonho! Fico mto feliz de ver pessoas batalhadoras crescendo, evoluindo, realizando sonhos... quero ler depois a redação real!
ResponderExcluirComo bem sugere José Adriano, tratarei de reunir provas, aguardem! Só fiquei com uma dúvida: tenho mais de uma amiga que se chama Vanessa que fiquei sem saber de qual delas é o comentário acima.
ResponderExcluirQue bom LF que vai poder fazer uma "Redação" com fatos verídicos sem ser copiado das revistas ... hahaha
ResponderExcluirBoa viagem .
Bjs
Cláudia
O comentário acima não é da OFFíssima, já que escrevo agora. Bem, boa viageeemmm... gente vai ser ótimo. Quero saber de tuuudo e, claro, vou te mandar o endereço para receber o que já virou tradição, um POSTAL.
ResponderExcluirVanessa - OFFíssima
oi primo felicidades por sua viagem,
ResponderExcluire vai com Deus,
tenho certeza que você vai amar
Ehh..Sei que essa viagem é a realização de um sonho. Que seja inesquecível pra vc!! Vou sentir mta saudade..isso é um fato. Mtos Bjosss...
ResponderExcluirInês