28 de julho de 2010
Almoço no shopping
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Munido de papel e caneta, preciso relatar ao mundo o que vejo ao meu redor na meia hora de folga que me resta, antes de voltar ao trabalho. Quem nunca fez isso não sabe o quanto é terapêutico. Estou na praça de alimentação de um shopping center, desacompanhado em mesa com quatro lugares. Bebo refrigerante zero para compensar a ingestão calórica do almoço enquanto observo o ambiente e as pessoas.
São ao todo oito lojas na praça e a mais movimentada delas, sem dúvida, é o McDonald's. Sempre quis ter um milhão e pouco para adquirir uma franquia do McDonald's. Suas lojas estão sempre cheias, embora a figura daquele palhaço ridículo que criaram para promover a marca. Por aqui, não é diferente: há fila para comprar um daqueles sanduíches pouco saudáveis – e o dito palhaço na embalagem.
No televisor de teto, à minha frente, passa reportagem sobre a seleção brasileira. Está sintonizada na TV Globo, que segue descendo a lenha no Dunga – o rabugento técnico que comandou a seleção brasileira na infeliz campanha na África do Sul. Quase abaixo do televisor, um grupo de 11 meninas, todas com uniforme de colégio, riem e conversam sem parar. As colegiais optaram pelo lanche do McDonald's no almoço, inclusive a moça dos olhos azuis mais belos que já vi na cidade. Ironicamente, ela e as amigas são todas magras, como se só comessem alface. Por enquanto, o metabolismo acelerado ainda as mantém a salvo dos "efeitos colaterais" do Big Mac.
Tenho reparado também a freguesia dos demais restaurantes. Naquele que serve batata assada e recheada, oito em dez clientes estão aparentemente acima do peso. Não é de hoje que suspeito que as batatas exercem algum poder de atração sobrenatural sobre os gordinhos. A moça mais peso-pesado da praça de alimentação está comendo a dita batata no almoço.
Desde que comecei a escrever, uma cena agride minha visão. Um sujeito tamanho GG, com calça tamanho M, come algo da cozinha asiática enquanto seu cofrinho fica à mostra. Bizarro. Decidi trocar de lugar, de modo que agora, ocupando a cadeira vizinha, os divinos olhos azuis da loira impedem a visão do "inferno". O sujeito sem noção, aliás, foi o único acima do peso que notei se servir no restaurante japonês. Os demais clientes são todos magros. Pena que essa opção é um pouco cara, senão comeria todo dia por lá e perderia alguns quilos.
Quatro mesas defronte a mim, um jovem come tacos com um olho na comida e outro nas colegiais, como se quisesse comer outra coisa. Sorte a dele eu não ser pai, tio ou irmão de alguma delas. Talvez a culpa seja do tempero mexicano... é afrodisíaco, ouvi falar. Tequila, sei bem, deixa as mulheres soltinhas, mas sobre a pimenta da comida mexicana desconheço os efeitos. Precisaria consultar o Wikipédia.
Na mesa ao lado do "mexicano" tarado, acabaram de se sentar duas japonesas balzaquianas que optaram por comida mineira. Da mesma forma que sempre imagino um mineiro falando "uai" e comendo pão de queijo no café da manhã, espero vê-las comendo sushi com pauzinhos e falando em japonês. "Grande bobagem", vai pensar minha amiga de redação, a jornalista Elaine, filha de japoneses, ao ler isso. Caso ela mostre isso à irmã solteira, pior ainda: corro o risco de nunca conhecê-la pessoalmente.
Quatro mesas à minha direita, a moça mais bela do recinto, pele clara e cabelos escuros, traços de espanhola, optou pela culinária italiana. Foi minha opção para o almoço, mesmo não curtindo comer spaghetti com garfo e colher. Em momento algum a espanhola olhou em minha direção, uma pena. Talvez eu precise recobrar os exercícios e fazer uma dieta? Vou considerar isso.
As colegiais se foram, posso notá-las ao longe, próximo à escada rolante. Opa, o "mexicano" se levantou e foi atrás – se eu fosse irmão de alguma delas daria um "cagaço" nele! A moça peso-pesado também se foi, porém, para apanhar mais uma batata recheada. Cada um sabe a fome que tem. A espanhola terminou de almoçar e agora ajeita sua bolsa. Uhmmmm, passou um batom rosa com auxílio de um espelhinho portátil. Bem feminino, um ponto a mais para ela.
Bom, deu meu horário. Vou aproveitar a "carona" dela que tenho muito a fazer à tarde.
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Munido de papel e caneta, preciso relatar ao mundo o que vejo ao meu redor na meia hora de folga que me resta, antes de voltar ao trabalho. Quem nunca fez isso não sabe o quanto é terapêutico. Estou na praça de alimentação de um shopping center, desacompanhado em mesa com quatro lugares. Bebo refrigerante zero para compensar a ingestão calórica do almoço enquanto observo o ambiente e as pessoas.
São ao todo oito lojas na praça e a mais movimentada delas, sem dúvida, é o McDonald's. Sempre quis ter um milhão e pouco para adquirir uma franquia do McDonald's. Suas lojas estão sempre cheias, embora a figura daquele palhaço ridículo que criaram para promover a marca. Por aqui, não é diferente: há fila para comprar um daqueles sanduíches pouco saudáveis – e o dito palhaço na embalagem.
No televisor de teto, à minha frente, passa reportagem sobre a seleção brasileira. Está sintonizada na TV Globo, que segue descendo a lenha no Dunga – o rabugento técnico que comandou a seleção brasileira na infeliz campanha na África do Sul. Quase abaixo do televisor, um grupo de 11 meninas, todas com uniforme de colégio, riem e conversam sem parar. As colegiais optaram pelo lanche do McDonald's no almoço, inclusive a moça dos olhos azuis mais belos que já vi na cidade. Ironicamente, ela e as amigas são todas magras, como se só comessem alface. Por enquanto, o metabolismo acelerado ainda as mantém a salvo dos "efeitos colaterais" do Big Mac.
Tenho reparado também a freguesia dos demais restaurantes. Naquele que serve batata assada e recheada, oito em dez clientes estão aparentemente acima do peso. Não é de hoje que suspeito que as batatas exercem algum poder de atração sobrenatural sobre os gordinhos. A moça mais peso-pesado da praça de alimentação está comendo a dita batata no almoço.
Desde que comecei a escrever, uma cena agride minha visão. Um sujeito tamanho GG, com calça tamanho M, come algo da cozinha asiática enquanto seu cofrinho fica à mostra. Bizarro. Decidi trocar de lugar, de modo que agora, ocupando a cadeira vizinha, os divinos olhos azuis da loira impedem a visão do "inferno". O sujeito sem noção, aliás, foi o único acima do peso que notei se servir no restaurante japonês. Os demais clientes são todos magros. Pena que essa opção é um pouco cara, senão comeria todo dia por lá e perderia alguns quilos.
Quatro mesas defronte a mim, um jovem come tacos com um olho na comida e outro nas colegiais, como se quisesse comer outra coisa. Sorte a dele eu não ser pai, tio ou irmão de alguma delas. Talvez a culpa seja do tempero mexicano... é afrodisíaco, ouvi falar. Tequila, sei bem, deixa as mulheres soltinhas, mas sobre a pimenta da comida mexicana desconheço os efeitos. Precisaria consultar o Wikipédia.
Na mesa ao lado do "mexicano" tarado, acabaram de se sentar duas japonesas balzaquianas que optaram por comida mineira. Da mesma forma que sempre imagino um mineiro falando "uai" e comendo pão de queijo no café da manhã, espero vê-las comendo sushi com pauzinhos e falando em japonês. "Grande bobagem", vai pensar minha amiga de redação, a jornalista Elaine, filha de japoneses, ao ler isso. Caso ela mostre isso à irmã solteira, pior ainda: corro o risco de nunca conhecê-la pessoalmente.
Quatro mesas à minha direita, a moça mais bela do recinto, pele clara e cabelos escuros, traços de espanhola, optou pela culinária italiana. Foi minha opção para o almoço, mesmo não curtindo comer spaghetti com garfo e colher. Em momento algum a espanhola olhou em minha direção, uma pena. Talvez eu precise recobrar os exercícios e fazer uma dieta? Vou considerar isso.
As colegiais se foram, posso notá-las ao longe, próximo à escada rolante. Opa, o "mexicano" se levantou e foi atrás – se eu fosse irmão de alguma delas daria um "cagaço" nele! A moça peso-pesado também se foi, porém, para apanhar mais uma batata recheada. Cada um sabe a fome que tem. A espanhola terminou de almoçar e agora ajeita sua bolsa. Uhmmmm, passou um batom rosa com auxílio de um espelhinho portátil. Bem feminino, um ponto a mais para ela.
Bom, deu meu horário. Vou aproveitar a "carona" dela que tenho muito a fazer à tarde.
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Como sempre, uma deliciosa crônica para brindar um fim de tarde ou início de uma noite (isso
ResponderExcluiré um mero detalhe). Quanto ao comentário que eu faria, certamente, seria esse: 'bobagem',
mas você, meu amigo, pode ser surpreendido, quando escreveu que corre o risco de nunca conhecer a minha irmã pessoalmente. Quem sabe um dia, o destino não se ncarregue
desse encontro? Romantismos à parte, enquanto isso, continuo cativa desse blog e no aguardo de outras crônicas tão bem escritas quanto à perfeição dos olhos azuis da moça da praça de alimentação. Um beijo.
Elaine Utsonomyia, jornalista, Maringá-PR
Elaine, como sempre, grande incentivadora deste blog e de minha condição de blogueiro. A ela farei referência quando lançar meu primeiro livro, algum dia. Isso é certo!
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