8 de dezembro de 2010
Um dia sem relógio
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Durante o jantar na cantina do jornal, entre desapressadas garfadas em batatas fritas que de tão gordurosas seriam capazes de assustar até a mais liberal das nutricionistas, minha nova namorada quis saber o que eu faria no dia seguinte, o primeiro de meus 30 dias de férias. Havia planejado detalhes da viagem que faria para o estrangeiro, mas sobre o primeiro dia de folga não havia pensado.
Desde 1943, quando o então presidente Getúlio Vargas se empenhou em aprovar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) os principais direitos dos trabalhadores, os brasileiros sofrem de um salutar “problema” chamado Tensão Pré-férias. Em suma, TPF é aquela dose extra de ansiedade percebida nos dias que antecedem o merecido descanso após um ano todo de trabalho duro. É um momento oportuno para passar mais tempo com a família, colocar a leitura em dia, passear com o cachorro - ou mesmo de ir ao parque para ver as moças dando uma volta com o melhor amigo -, ir mais ao cinema e, por que não, de viajar.
- Quer saber, acho que não vou fazer nada no primeiro dia de férias.
- Então você terá um dia sem relógio - concluiu a namorada.
- Isso mesmo. Sem despertador, sem régio de pulso, sem internet. Talvez desligue até o celular.
Dormiria até o sono acabar e quebraria o despertador se ele ousasse tocar por engano. No primeiro dia de férias, poderia até correr no Parque do Ingá, o que costumo fazer quando tenho tempo, mas isso só no caso de cansar de tanto zapear na TV a cabo recém-instalada. Vi na programação que um dos canais de filmes passaria Avatar, porém, duvido que a opção dublada e na telinha de 21 polegadas de meu velho televisor, sem os efeitos em 3D, valha a pena.
- Deixa eu retornar para o trabalho que ainda preciso fechar uma matéria antes das férias.
- Te vejo no fim de semana?
- Claro, desde que cozinhe algo gostoso pra mim - disse, já imaginando o suculento pernil de porco que ela prepara como poucos.
Minha última matéria do ano foi sobre a falta de investimentos do poder público em transportes alternativos. Entre os entrevistados, falei com um professor de Geografia da Universidade Estadual de Maringá que, tendo carro e moto na garagem, prefere ir ao trabalho de bicicleta. Diz o professor que alunos da graduação e colegas do doutorado, possivelmente influenciados pelo convívio com ele, também adotaram a bicicleta como meio de transporte. Fiquei entusiasmado e passei a cogitar, seriamente, comprar uma magrela dez marchas para começar 2011 com mais saúde.
Ciclovias à parte, aproveitei o último dia no jornal para checar os colegas quais deles gostariam de participar da “vaquinha” para comprar uma cachaça das boas, dessas de procedência mineira e que na Europa é vendida por mais de 50 euros. Levaria o presente dos amigos da redação para Geordano, ex-infografista do jornal que hoje reside em Lima, no Peru. Passaria as férias por lá e, sem precisar gastar com hotel, o mínimo que poderia fazer é levar um bom presente.
Ouvi falar, algumas vezes, que crente não bebe porque a ingestão de bebidas alcoólicas é pecado. Espero que pinga não esteja nessa lista, porque não quero que ninguém vá para o inferno por minha culpa. Aliás, uma amiga me advertiu a no Peru preferir a palavra cachaça. Fiquei curioso, óbvio. Parece que na terra dos incas “pinga” é o nome popular dado ao órgão sexual masculino. Ao menos na frente de quem acha que vai para o inferno por causa de álcool e sexo, nada de pinga no Peru. Do pernil de porco, porém, não abro mão.
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Durante o jantar na cantina do jornal, entre desapressadas garfadas em batatas fritas que de tão gordurosas seriam capazes de assustar até a mais liberal das nutricionistas, minha nova namorada quis saber o que eu faria no dia seguinte, o primeiro de meus 30 dias de férias. Havia planejado detalhes da viagem que faria para o estrangeiro, mas sobre o primeiro dia de folga não havia pensado.
Desde 1943, quando o então presidente Getúlio Vargas se empenhou em aprovar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) os principais direitos dos trabalhadores, os brasileiros sofrem de um salutar “problema” chamado Tensão Pré-férias. Em suma, TPF é aquela dose extra de ansiedade percebida nos dias que antecedem o merecido descanso após um ano todo de trabalho duro. É um momento oportuno para passar mais tempo com a família, colocar a leitura em dia, passear com o cachorro - ou mesmo de ir ao parque para ver as moças dando uma volta com o melhor amigo -, ir mais ao cinema e, por que não, de viajar.
- Quer saber, acho que não vou fazer nada no primeiro dia de férias.
- Então você terá um dia sem relógio - concluiu a namorada.
- Isso mesmo. Sem despertador, sem régio de pulso, sem internet. Talvez desligue até o celular.
Dormiria até o sono acabar e quebraria o despertador se ele ousasse tocar por engano. No primeiro dia de férias, poderia até correr no Parque do Ingá, o que costumo fazer quando tenho tempo, mas isso só no caso de cansar de tanto zapear na TV a cabo recém-instalada. Vi na programação que um dos canais de filmes passaria Avatar, porém, duvido que a opção dublada e na telinha de 21 polegadas de meu velho televisor, sem os efeitos em 3D, valha a pena.
- Deixa eu retornar para o trabalho que ainda preciso fechar uma matéria antes das férias.
- Te vejo no fim de semana?
- Claro, desde que cozinhe algo gostoso pra mim - disse, já imaginando o suculento pernil de porco que ela prepara como poucos.
Minha última matéria do ano foi sobre a falta de investimentos do poder público em transportes alternativos. Entre os entrevistados, falei com um professor de Geografia da Universidade Estadual de Maringá que, tendo carro e moto na garagem, prefere ir ao trabalho de bicicleta. Diz o professor que alunos da graduação e colegas do doutorado, possivelmente influenciados pelo convívio com ele, também adotaram a bicicleta como meio de transporte. Fiquei entusiasmado e passei a cogitar, seriamente, comprar uma magrela dez marchas para começar 2011 com mais saúde.
Ciclovias à parte, aproveitei o último dia no jornal para checar os colegas quais deles gostariam de participar da “vaquinha” para comprar uma cachaça das boas, dessas de procedência mineira e que na Europa é vendida por mais de 50 euros. Levaria o presente dos amigos da redação para Geordano, ex-infografista do jornal que hoje reside em Lima, no Peru. Passaria as férias por lá e, sem precisar gastar com hotel, o mínimo que poderia fazer é levar um bom presente.
Ouvi falar, algumas vezes, que crente não bebe porque a ingestão de bebidas alcoólicas é pecado. Espero que pinga não esteja nessa lista, porque não quero que ninguém vá para o inferno por minha culpa. Aliás, uma amiga me advertiu a no Peru preferir a palavra cachaça. Fiquei curioso, óbvio. Parece que na terra dos incas “pinga” é o nome popular dado ao órgão sexual masculino. Ao menos na frente de quem acha que vai para o inferno por causa de álcool e sexo, nada de pinga no Peru. Do pernil de porco, porém, não abro mão.
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ResponderExcluirQd der, visite tb meu blog de humor!
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