Um frase memorável, pensei, deve ser tudo na vida de um lápis. E aquele HB queria fazer seu grafite valer a pena.
Amnésia literária é o que de pior pode ocorrer com um escritor. Num passe de mágica, você transborda de boas ideias, de estórias sedentas para serem contadas. Claro, isso costuma acontecer no chuveiro; na fila do banco; no trânsito; no almoço de família; na cama, em especial quando o sono bate à porta. Noutro passe de mágica, esquece-se de tudo na companhia do lápis ou defronte o computador, tão logo os dedos tocam o teclado.
A xícara fora esvaziada 15 minutos antes e a cafeína na corrente sanguínea tornara inquietas minhas pernas. Era chegada a hora de encarar o papel em branco e escrever. O quê? Qualquer coisa que, posteriormente, pudesse ser lido pela namorada, sem conflitos. Ali ao lado, quase sem piscar, ela folheava um livro com centenas de fotos de gatos, adultos e filhotes. O livro parecia dar dicas do universo dos felinos.
— Falei pra minha irmã que não pode assustar o Alfredinho quando ele está dormindo — disse Ines, que insiste em chamar seu gato cores preto e branco, de mais de cinco quilos, pelo diminutivo.
— Mas teu gato vive dormindo — respondi.
— Só de dia. À noite, ele sai atrás das gatas.
— Sei bem como é — comentei. — O último gato que eu tive, o Fundi, também era pegador. Ele morreu numa enchente, lá em Pato Branco.
— Que dó.
— É.
A Angelia Jolie versão Irlanda estava vestida comportadamente, sem decotes nem minissaia. Uma prova de que mulher não precisa “usar uniforme de biscate”, como diria o jornalista Marco Antonio Araujo, para ser notada. Nessa linha de conduta, há um ano, os belos olhos azuis e o jeito delicado de Ines me conquistaram. No papo de boteco com amigos, sempre rola o comentário de que mulher ideal é aquela que não faz o homem passar vergonha.
As lembranças do início do namoro me arrebataram da cafeteria para o passado. Quando retornei, a ruiva já tinha partido. Melhor assim. Com a namorada ao lado, era preciso redobrar a cautela para evitar uma “guerra mundial” por coisa pouca. Bem pouca.
Li na internet que a cada 100 habitantes no mundo um, no máximo dois, são ruivos. E mais: os cabelos avermelhados, provenientes de um gene recessivo, correm o risco de desaparecer até 2060. E se o rutilismo é exceção, então, jovens e belas ruivas como aquela “irlandesa” são raridade. Certamente, precisam ser "estudadas" antes que acabem. Em dia de amnésia literária, em que o lápis pouco trabalhou, Alfredinho há de concordar comigo.
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Ótimo texto, bela criatividade.
ResponderExcluirParabéns Fernando!!
Eu e meu querido Alfredinho nos sentimos honrados em fazer parte da história.
Obrigada, ficou lindo!
Inês
amei também
ResponderExcluirfeliz a Inês em fazer parte de suas historias né primo.
e feliz você em ter ela em sua vida.
Verdade Taís. Ambos somos pessoas de sorte, muita sorte!
ResponderExcluirEsta crônica foi em homenagem ao meu irmão mais novo, João Oliveira, que curte as ruivas!
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