Dona Clacy, minha mãe, liga desesperada, lá de Pato Branco, com péssimas notícias. Kanu, o gatinho preto que eu lhe dera no Natal, havia sido envevenado.
II
Lá pelo meio-dia, o corpo do felino amolece e começa a esfriar. O bravo Kanu, elétrico, sempre disposto a uma boa brincadeira, parecia dar seus últimos suspiros.
III
Kanu desfalece. Às lágrimas, Dona Clacy massageia o peito do gatinho, dizendo: "não morre, não morre". Os segundos se passavam e o felino não reage.
IV
Por acaso ou por ação divina, o coraçãozinho do bichano, de apenas cinco meses de vida, volta a bater. Há esperança no lar de Kanu, o pequeno caçador.
V
À noite, um novo telefonema. É Dona Clacy, com boas notícias. Kanu se recupera bem, mas lentamente.
VI
Em minhas preces, peço a Deus para que aqueles que envenenam animais possam por engano, algum dia, provar do próprio veneno. Algumas pessoas não merecem vida longa.
VII
Uma semana depois, novo relatório "médico". O Kanu sobrevive sem sequelas e retorna, inclusive, à sua atividade favorita: caçar baratas no bueiro.
VIII
O gatinho preto perdeu seis de suas setes vidas, mas a última delas, posso apostar, será bem longa. Ainda mastigará muitas baratas e, no futuro, conquistará várias gatinhas. No mundo dos felinos, as fêmeas não têm pavor de baratas.
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