31 de março de 2010

Doze de Março

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Por Eduardo Cardoso de Oliveira*

Há um ano estávamos de férias, viajando pelo litoral catarinense e serra gaúcha. Voltamos embora antes do previsto, por dois motivos: a possível falta de dinheiro e uma doença que o João Paulo pegou. O piá precisou ficar internado por três dias. Segundo o médico que o atendeu, o problema de saúde era conhecido – não por mim – e atendia pelo modesto nome de mononucleose. Ser acometido de doenças pouco habituais é um hobby do Nanico.

Piá (LF), você está ficando velho! Lembro do longínquo e pré-histórico tempo no qual você fazia jornais caseiros sobre vídeogame, séries de TV e assuntos ligados a uma infância muito bem aproveitada, exceto pelo fato de trabalhar todo final de semana por copos de Coca-Cola e alguns pacotes de salgadinho. Carregávamos tijolos de um lado para o outro e vice-versa, cortávamos grama, pintávamos cerca, capinávamos as ervas-daninhas que antigamente cresciam junto ao meio-fio e hoje não crescem mais, arrancávamos matos da grama com uma faquinha, à tarde, sob sol escaldante, buscávamos água ná "vó" todo dia... você até inventou uma música: "escravos de Jó, buscam água lá na "vó". Na vó também buscávamos lenha, levávamos as sujeitas que sobravam dos serviços. O local de despejo dos entulhos: "buração". Bizarro!

Antes de voltar de viagem, conhecemos os cânions em Cambará do Sul (RS). "A melhor parte da viagem", frase sua a qual eu concordo. Outro município da serra gaúcha que passeamos foi a charmosa Gramado, cidade de muitas cafeterias, chocolaterias, parque e outros pontos turísticos que encantam pelo cuidado e zelo. Tudo parece estar no lugar certo, na hora certa, na temperatura certa e com a cor certa. Em Canela, cidade vizinha e sem o aspecto europeu de Gramado, conhecemos museus – um do chocolate e o outro ligado à evolução no processo produtivo. Também fomos ao parque da cachoeira do Caracol, onde cansamos de tanto descer escadas e nos arrastamos para subi-las na volta. Para que não digas que esqueci, conhecemos também a Catedral de Pedra, uma bela igreja!

A idade está chegando. Hoje (12 de março) completas 29 anos, quase um balzaquiano. No tempo que não sabíamos o que era computador, internet, televisão com controle remoto – o pai na época não conhecia os dois primeiros, mas já sabia o que era TV com controle remoto –, brincávamos de béts, descida de "canoa" no morro, corrida de barquinho (gravetos) no rio, exterminador do futuro, mãe-bola, futebol, bicicleta, Atari.

Costumávamos tomar sorvete na Dona Lila, segundo ela, fabricado no Nono Balin. Até hoje tenho minhas dúvidas. Íamos à aula caminhando, desde o dia que quebrou a Kombi próximo à casa do Seu Guilherme (que blusa grossa...), e para a mãe isso aconteceu quando você estava na oitava série. Eu ainda acho que você estava na segunda do primário e sua professora era a falecida Maria Helena Camuzatto. Você sabe que ela morreu né? Bateu um Kadett na rodovia entre Pato Branco e Mariópolis, mas isso já tem mais de dez anos.

O passeio pelo litoral catarinense foi nas cidades de Florianópolis, Balneário Camboriú, Bombinhas e Penha. Em Floripa, fomos fazer uma visita muito rápida para a Cristina e família, estilo médico do SUS. Almoçamos e só. Mais rápido ainda foi o passeio em Balneário Camboriú: apenas uma noite e na mais badalada praia catarinense. Na terra do Joce, Bombinhas, estivemos por dois dias. A cidade é linda, cheia de encantos naturais. O Marcos esteve lá esses dias. Falou que todos mandaram um abraço para nós.

Em Penha, há exatamente um ano, visitamos o maior parque temático do Brasil. Era teu aniversário. Estavas completando 28 anos e por isso não pagou a entrada. Chegamos em 11 de março, fazia seis anos que você não via o mar de perto, em terra. Foi legal estar em Penha. Logo na chegada avistamos a enorme Fire Whip, montanha-russa assustadora por fora e alucinante para quem embarca. Da nossa pousada era possível ver ela, ver o parque, ver a maçaneta da porta de entrada do parque, só não era perto o suficiente para ouvir o ronco dos leões dormindo à noite, mas da pousada podíamos ouvir as ondas do mar quebrando na praia.

Enfim, nossa viagem ano passado foi excelente. Foram as melhores férias que já tive, a que mais aproveitei e só não foi perfeita pela falta de pessoas que amamos. Elas não puderam ir! Apesar de ser muito jovem, você tem uma incrível história de vida a contar. E suas palavras escritas fazem isso muito bem. És o Pelé dos textos. És um gênio na escrita como Michael Jordan foi no basquete, como Schummy foi nas pistas, como Da Vinci foi nas artes, como Newton e Einstein na ciência, como a mãe é cozinhando.

Agora com 29 anos, muita coisa vai mudar. Vais morar em uma cobertura duplex do Monet e o melhor, dividir o apartamento com o João Paulo “Pebinha”. Ele fará muita falta aqui em Pato Branco. Fará falta em casa como você ainda faz, mas a ida dele tem um propósito nobre. Ele tem tudo para trilhar um caminho de sucesso como você já fez e ainda fará muito mais. Gostaria de escrever mais e melhor, mas as minhas palavras não são adestradas tanto quanto as suas. Parabéns por mais um ano de vida. Que Deus continue te abençoando.

* Eduardo é funcionário concursado da Copel e irmão do meio de LF (este, do blog) e de JP Pebinha, como ele bem diz. É modesto quando diz não lidar bem com as palavras e, com elas, deixou o autor do blog emocionado.
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4 comentários:

  1. O Edu sempre escreveu muito bem, acho q é de família.

    Ele também me emociona com as palavras :)

    E aí, gostou do vinho??

    hehehe

    um grande abraço

    Feliz pascoa!

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  2. Luana, futura cunhada, não apenas gostei do vinho como fiquei emocionado com as palavras de meu irmão.

    Quando lancei este blog, tinha como regra que apenas textos meus seriam publicados neste espaço e, desde então, tem sido assim. Esta é a única e merecida exceção. Certamente, gostei mais da crônica que do vinho, já que ela não posso esgotar com alguns goles... ainda bem!

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  3. Cara, vc publicou meu texto de felicitações por seu aniversário?
    Gostei disso, fico feliz. Foi a melhor forma de retribuir o carinho que tenho por ti.
    Muitas coisas serão "inentendíveis" aos seus leitores, pois tem frases diretamente ligadas a nossa infância. Como por exemplo o fato do pai, naquela época, conhecer o que era controle remoto. Ele mandava nós e trocavamos os canais pra ele!

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  4. Você é de 12 de Março? Eu também.

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